147. Lamas “The Dog’s Bollocks” !!!

Whisky brasileiro, puro malte, produzido pela destilaria brasileira, LAMAS.

Mais uma vez em parceria com Mauricio Porto e Guilherme Valle, sócios do espaço dedicado ao whisky, “Caledonia”, de São Paulo e coautores do Blog “O Cão Engarrafado”.

Whisky engarrafado com 46% ABV, sem corante e sem passar por filtragem à frio.

É a quarta parceria entre a destilaria mineira e os amigos de São Paulo, mas a primeira vez que não poderão usar o nome “Caledonia” no rótulo do whisky.

No site do Cão eles comentam (aqui), mas basicamente, a “Scotch Whisky Association” (SWA), não gostou da correlação do termo Caledonia com um produto brasileiro.

Caledônia (com acento), é o antigo nome das terras escocesas na época do Império Romano.

Para a SWA, o consumidor em geral poderia achar se tratar de um produto escocês.  Um scotch whisky.

Então foram notificados a mudar…

O Whisky brasileiro começou a ficar conhecido na terra do whisky e parece que incomodou!

Hehehe.

Sobre o novo nome, “the dog’s bollocks”, bom, eu não sou um especialista em inglês.  Muito longe disso! Hô!

Mas não tentem traduzir palavra por palavra, literalmente.  Por favor, não!

É uma expressão!!!

Tem o sentido de expressar que uma coisa é muito boa!

“This whisky is dog’s bollocks”!

Este whisky é muito bom!!!

Ou, do popular: “Este whisky é do caralho!!!”

 Pronto, falei!!!

Mas será impossível você olhar para esse whisky e seu subconsciente não ler Lamas Caledonia 4.

E eu aposto que se você entrar no Caledonia e pedir uma dose com o nome acima, o/a atendente ainda dará um sorrisinho simpático de canto de boca.

Uma característica desta parceria Lamas x Caledonia, presente nas três primeiras edições e que nesta não fugiu à regra é a complexidade.

Principalmente o uso de diferentes tipos de barricas, seja na maturação ou na finalização, transmite ao whisky lá no resultado final, camadas de aromas e sabores talvez nem imaginadas no começo do processo produtivo.

Essa é a mágica do envelhecimento.

O The Dog’s Bollocks é envelhecido em barris de carvalho branco ex Bourbon, com três diferentes maltes; e finalizado também em ex Bourbon mas temperados em outros três tipos diferentes de bebidas para dar complexidade.

. O primeiro barril conteve um whisky feito com cevada turfada (50 ppm), envelhecido num barril ex Bourbon.  Esse líquido então é retirado e colocado num barril ex Bourbon que foi temperado com cerveja Double IPA.

. O segundo barril é um ex Bourbon com malte não defumado e finalizado em barril que antes possuía Rum “Norma”, produzido pela própria Destilaria Lamas (receita igual ao Whisky Rarus, mas com ABV diferente);

. Já o terceiro barril, a destilaria encheu um barril com vinho Moscatel (vinho tranquilo. Não espumante), e deixou temperando por algum período.  Moscatel é uma uva bem doce!

Em seguida. Retirou-se o vinho branco e encheu-se com whisky Nimbus. Deixando por mais um tempo maturando.

Vejam que não publicamos prazos certos.  Os tempos de maturação estão vagos.

Desta vez, a destilaria não liberou os tempos de envelhecimento, maturação e tempero prévio dos barris!!!

Infelizmente não podemos informar, a vocês leitores, sobre as informações corretas e honestas sobre o whisky.

Seguimos.

Depois de todo esse processo, os barris foram misturados, na proporção de 50% do ex rum, 30% do turfado/ipa e 20% do ex defumado moscatel.

E foram “casados”. Técnica conhecida também como  “marriage”, dentro de uma cuba de inox (ou de madeira), pelo tempo que a destilaria achar necessário.  Nesse caso foi de três meses.  E engarrafado.

E nossas impressões?

 Acobreado na taça, fez lágrimas finas bastante espaçadas, permanecendo respingos do destilado por todas laterais da taça.

No aroma, sem sensação alcoólica, o herbal cítrico, bem característico dos whiskies da Lamas, é bem presente. Também o adocicado.

 Somado a isso, é impossível não identificar o defumado de serragem de eucalipto, também tão típico e único da destilaria mineira.

O defumado é um tanto quanto intenso, o que sobrepujou aromas delicados como o vínico e até mesmo a turfa!

Pela primeira vez a destilaria engarrafa um whisky com alguma proporção de whisky de cevada que foi secada por fumaça de turfa (à 50 ppm).

Na boca, possui bom corpo. Diria ser média a consistência.

Frutado. 

Frutas amarelas e é um frutado bastante doce!

Doce aqui nos remetendo a algo além do malte. Com certeza a influência do vinho Moscatel garantiu um adocicado extra. 

O barril ex Rum garantiu as frutas tropicais.

O barril Double Ipa conferiu leve amargor, dilapidou a citricidade e as notas herbais e, somada à turfa, deu-lhe uma refrescância poucas vezes por nós sentida num whisky.

São camadas e camadas de sabores dançando na boca!

Alecrim, chá verde, uva branca madura, baunilha, pera, gengibre (leve), mamão, ameixa branca, caramelo, menta.

O retrogosto é longo.  A refrescância é persistente. Adocicada, apimentada e frutada.  Nesse momento em que a turfa é efetivamente percebida.  E de forma agradável.

Após alguns minutos você ainda fica com um “plus” de eucalipto!  Uma sensação de ter escovado os dentes há poucos minutos.

Com a taça esvaziada, continua o doce, o cítrico e aparece madeira molhada por whisky!

A complexidade do The dog’s bollocks é rica e equilibrada.  Mostra ousadia e acerto na combinação de barricas. 

Mas reiteramos nosso protesto pela falta de informação do tempo do whisky nos barris.  Sim, somos bastante críticos nesse sentido.  O leitor e consumidor tem o direito de saber os detalhes do que está comprando e degustando.

A Escócia avançou bastante nesse sentido, como por exemplo, a campanha da Compass Box e suas consequências há aproximadamente dez anos atrás.  Funcionou.

É um whisky para se degustar com paciência.  Apreciando cada momento, sem qualquer preocupação com o nome.

E um baita nome do caralho!!!

Saúde!

4 comentários

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    • Afonso Takemoto em 14 de dezembro de 2022 às 01:14
    • Responder

    Excelente review!!

    1. Obrigado!!!

    • Denis em 16 de junho de 2023 às 16:00
    • Responder

    Minha impressão ao primeiro estampido não foi das melhores, mas com descanso na taça se abriu e trouxe toda essa riqueza que você nos brindou, Thiago! Continue assim, e Saúde!

    1. Sim. É verdade. Um pouco de descanso na taça só faz bem a ele.
      Obrigado pelo comentário e saúde!

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