– Dewar’s e sua histórica inovação na arte do blending!!!

Numa época em que famílias criavam verdadeiras dinastias e que sobrenomes entravam para a história mundial do whisky, surgia na cidade de Perth, Escócia, o Armazém da Família Dewar; isso lá em 1846.

De propriedade de John Dewar, se vendia vinhos e destilados e que em 1860, começou a fazer suas próprias experiências com blendagem de whiskies!

Comprava whiskies de malte e de grãos de várias regiões da Escócia, misturava e vendia.

A empresa prosperou. 

DEWAR já era conhecido por ser um dos pioneiros em vender whiskies em garrafas de vidro e de servir, em seu estabelecimento, whisky em jarras de pedra chamadas de “pigs” (porcos).

Em 1871, John Alexander, o quarto dos sete filhos de John começou a ajudar o pai nos negócios.  John, o pai, já não andava bem de saúde.  Tanto que em 1880, veio a falecer.   Mas não sem antes ver John, o filho, assumir o negócio da família e chamar seu irmão caçula, Thomas (Tommy), para que lhe ajudasse.

Nascia aí uma parceria de sucesso! Nascia a John Dewar’s & Sons!!!

O pai se foi mas deixou a empresa registrada e lucrativa.

Os irmãos Dewar’s expandiram o negócio local e divulgaram sua marca globalmente.

John Alexander Dewar, metódico.

O homem dos negócios.  Administrou a Dewar’s com maestria e a fez crescer garantindo o fornecimento ininterrupto de whiskies de malte.

Político de sucesso.  Chegou ao Parlamento Britânico e foi nomeado o primeiro “Barão de Forteviot”.

Thomas Robert “Tommy” Dewar, carismático. 

O homem do marketing.  Expandiu os negócios de seu pai. 

Em 1892, levou o nome “Dewar’s” a 26 países numa missão de navio, que durou 2 anos! Divulgando o whisky da família.

Essa jornada rendeu o livro A Ramble Round the Globe, em que Tommy narra suas aventuras ao redor do mundo divulgando seu Dewar’s Scotch Whisky.

Entre suas aventuras, deu de presente um barril de Dewar’s (é claro!!!), ao presidente Harrison, dos Estados Unidos, desagradando a indústria de whiskey local (é claro, 2, !!!).

Também foi pioneiro no drink “Highball” em Nova York.

Também foi dele a ideia do primeiro comercial de whisky do mundo!  Projetando, no “Herald Square”, um prédio de Nova York, um curto filme em que atores vestidos com roupas típicas escocesas, dançam felizes!  Com certeza pararam o trânsito em NY!

Você pode ver a propaganda animada aqui:

Também político, não obteve tanto sucesso quanto seu irmão mais velho, mas também foi elevado à nobreza britânica, recebendo o título de “Barão Dewar’s”, sendo o primeiro e único!  Visto não ter deixado descendentes.  

Voltando para a Escócia e mais ou menos no mesmo período histórico, 1890, John Alexander, contrata o primeiro Master Blender de Dewar’s, Sr. A. J. Cameron, o inventor da técnica “Douple Ageing”.

Método inovador para a época, foi responsável por um salto de qualidade e popularização do whisky da empresa, tornando seu produto sinônimo de sucesso até os dias de hoje.  Surgia, em 1899, o Dewar’s White Label!!!

Um dos whiskies mais vendidos do mundo!

Mas o que seria essa técnica de “duplo envelhecimento”?

Hoje muito usada por várias destilarias, e mais ainda, hoje duplicada dentro da própria Dewar’s (sim, falaremos adiante), consiste em deixar o whisky envelhecendo por mais tempo após o “marriage” ou “marrying”, que é aquele tradicional “casamento” dos whiskies de diferentes barris (se for um lote), ou mesmo de whiskies diferentes (no caso de blended whisky).

O “casamento”, ou “marriage’, está no topo do processo produtivo de um whisky e onde a água pode ser adicionada para se chegar ao teor alcoólico desejado.

Pois bem, A. J. Cameron decidiu que após a mistura dos whiskies de malte e de grão, o agora blended whisky, repousaria por mais 6 meses em barris ativos.

Um descanso secundário para casar sabores e trazer suavidade extra ao blend.

Muitas destilarias usam grandes cubas de inox com sistemas de ar ou hélice para movimentar o whisky internamente.

Outras destilarias usam grandes dornas de madeira exaurida ou barris exauridos (alguns estudiosos acreditam que madeira nunca é neutra.  Há a questão da micro-oxigenação).

A Dewar’s ainda usa seu sistema com madeira ativa e se orgulha muito dele!

Tanto que inovou novamente!

Por toda sua história de mais de cento e setenta anos, passaram pela Dewar’s apenas sete master blenders responsáveis pela formulação de seus premiados whiskies mundo à fora.

Hoje essa responsabilidade está à cargo da competente e também premiada Sra. Sthephanie Macleod.

 Em 2019, foi lançado uma linha de blends da Dewar’s usando o método “Dewar’s Double Double”. Sim, usando em dobro a técnica original!

Agora, além da maturação normal em carvalho, pelo tempo pretendido; e a maturação final (6 meses), após o “casamento”; existe uma fase intermediária onde whiskies são casados separadamente.  De um lado o blend malte; Do outro, o blend grain.

E uma fase Extra! Uma finalização após a maturação final (desculpe a redundância).

Após alguns meses, os whiskies são novamente misturados e agora depositados em barris tipo “Butt”, ex Jerez, para uma última finalização (meses).

Ual!

Muita complexidade!!

Blends que desafiam qualquer single malte.

A dupla maturação ganhou um acréscimo de mais duas fases para uma série especialíssima de whiskies!

Para facilitar, um resumo:

. “Douple Ageing” – Maturação pelo tempo desejado + casamento de 6 meses em barris ativos (duas etapas).

. “Double Double” – Maturação pelo tempo desejado + casamento dos whiskies de malte de um lado e casamento dos whiskies de grãos do outro lado. (6 meses). + Casamento dos dois tipos de whiskies (foi feito em barris exauridos.  Mas pode ser feito em barris ativos) + Finalização no barril escolhido pelo tempo desejado (Foi feito em barris ex Jerez de três tipos diferentes por meses, sem ultrapassar um ano).

 (quatro etapas!).

É muita complexidade!!!

A Dewar’s, hoje, não pertence mais à família homônima.  Após vários processos de fundição com outras grandes empresas, finalmente em 1998 foi vendida para o grupo Bacardi, que também é dona de cinco destilarias de whisky de malte, incluindo Aberfeldy, lar espiritual de Dewar’s.

Sobre Aberfeldy, John e Tommy, já ricos empresários em 1896, poderiam construir sua destilaria em qualquer lugar da Escócia, mas escolheram um local em Perthshire, há apenas três quilômetros do lugar onde nasceu o patriarca dos Dewar’s e lá fizeram seu quartel general.

O respeito a seu pai os acompanhou a vida toda.

As outras destilarias hoje, pertencentes ao grupo Bacardi e consequentemente integradas ao grupo Dewar’s são: Royal Backla, Craigellachie, Aultmore e Macduff (Glen Deveron).

Escolheram como símbolo da marca Dewar’s o “Nó Celta” (a civilização antiga que deu origem aos escoceses), o nó da verdade!  Um fio torcido várias vezes em um padrão complexo. Em geral, podemos supor que esta é a linha da vida, o caminho de vida de uma pessoa, que é longo e nada fácil.  Sempre com voltas precipitadas e descidas e subidas inesperadas.

Sem dúvidas!  Os Dewar’s eram pessoas brilhantes!

 Um último detalhe:

Dewar’s recebeu da Rainha Vitória, um selo real, impresso nos rótulos de seus whiskies até hoje!

 Uma certificação de nobreza.  Uma marca aos irmãos que efetivamente alcançaram títulos de nobreza na Grã Bretanha; que honraram o legado de seu pai e que conseguiram refletir, com esse selo, tal nobreza também em seus rótulos.

E o mais legal de tudo! A Bacardi vem respeitando todo esse legado secular.

Efetivamente, os Dewar’s colocaram seu sobrenome na história do whisky mundial.

Realmente, do grão ao copo, tem muita história pra contar!

Saúde!!!

4 comentários

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    • Igor em 2 de agosto de 2022 às 00:20
    • Responder

    Excelente artigo

    1. Opa! Muito obrigado, amigo!
      Saúde!!!

    • Patrick Drummond em 2 de agosto de 2022 às 08:31
    • Responder

    Muito interessante. Excelente história!

    1. Siiimmm!!! As marcas da maioria dos blends escoceses são verdadeiras histórias familiares de superação e de sucesso; e a de Dewar’s é uma das minhas favoritas! Que bom que gostou!

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