Whisky brasileiro, produzido apenas com cevada maltada pela Destilaria Lamas, em Minas Gerais.
Possui 46% ABV, não passou por filtragem à frio e não lhe foi adicionado corante caramelo.
Quinto whisky da Destilaria Lamas produzido em parceria com Maurício Porto, cofundador do Blog “O cão engarrafado” e do espaço temático “Caledonia”, uma “ode” à cultura do whisky em São Paulo, o qual tivemos o prazer de conhecer numa visita inesquecível, recepcionados pelo “cão”.
Se quiser ler nossa análise sobre o primeiro “The Dog’s Bollocks” e entender o porquê do seu nome, clica aqui.
Aliás, aproveitamos aqui para parabenizar o Porto pela comenda “Keepersofthequaich”, neste ano de 2023. Uma honraria escocesa dada a pessoas que fizeram um trabalho extraordinário para a indústria do scotch whisky!
Você, meu caro amigo, por anos, leciona a cultura do whisky para nós, entusiastas brasileiros!
É um prêmio realmente merecido.
Sempre na ativa, nunca mediu esforços para avaliar, divulgar e ensinar detalhes sobre nossa bebida favorita, whisky, para um público tupiniquim ainda incipiente de informações.
Sua dedicação nos inspira.
Comungamos dos mesmos valores em matéria de whisky!!!
Já escrevemos bastante sobre a parceria do Cão engarrafado e a Destilaria Lamas. São muitos rótulos de sucesso!
Esse em especial, hoje degustado por nós, possui uma finalização diferenciada!
A Destilaria Lamas repassou poucas informações sobre tempo de envelhecimento. Provavelmente possui em torno de cinco/seis anos em barril, uma média de tempo bastante usada pela Destilaria.
Primeiramente a maturação deu-se em barris que antes contiveram Bourbon, pelo prazo especulado acima.
Em seguida o whisky é retirado desses barris e colocado em outros barris que previamente foram “temperados”, por alguns meses, com vinho moscatel (vinho tranquilo), de alguma vinícola brasileira (a destilaria também não especificou a origem). Provavelmente o tempo de finalização não ultrapassou um ano.
Moscatel é uma uva bastante doce. E existem muitas variedades de moscatel.
Seu nome significa “a preferida das abelhas”, por conta do alto teor de açúcar que acumula quando madura.
Para o “The Dog’s Bollocks II”, foi usada 80% de malte turfado (a cevada já vem turfada da Grã-Bretanha), e 20% de malte comum.
Temos então um whisky turfado com finalização vínica.
E assim analisamos:
Whisky dourado/acobreado na taça.
No aroma podemos perceber notas amadeiradas, doçura e uma citricidade madura.
Há sim, leve percepção alcoólica. Mas quanto mais tempo o whisky permanece na taça, essa sensação se dissolve, dando lugar à muita fruta madura e mel. Uva branca, tangerina e uma nota que lembra abacaxi grelhado na churrasqueira.
A cevada maltada turfada não se esconde.
São 50 PPM!
E à medida que o whisky evolui na taça, uma certa mineralidade aparece. Sal, incenso. É bom de sentir!
Lágrimas finas e espaçadas escorrem lentamente pelo bojo da taça.
Respingos de whisky se formam por toda taça, de forma aleatória.
Na boca é apimentado, doce, mas menos doce do que imaginávamos!
Citricidade madura e enfumaçado frutado.
(É realmente diferente do defumado característico e famoso da Destilaria Lamas).
Corpo médio para ralo.
Possui sim, leve percepção alcoólica no paladar, o que se atenua com um pouco de tempo na taça. Ou algumas gotinhas de água.
Retrogosto de média duração. Seco, com a fumaça frutada mostrando seu potencial até desaparecer e deixar sua boca refrescante, mas também um pouco adstringente, permanecendo uma citricidade levemente salgada.
Com a taça esvaziada, bala de laranja e lenha de laranjeira queimando.
Whisky bastante complexo!
Uma finalização interessante que acrescenta complexidade a um clássico whisky turfado e orgulhosamente, brasileiro.
Já tivemos o privilégio de degustar whiskies com finalização similar na Escócia (Bunnahabhain/Islay), e podemos dizer que a Destilaria Lamas, em parceria com Porto, soube finalizar um bom produto, aumentando o leque de opções de bons whiskies nacionais para nós entusiastas de whisky brasileiros apreciarmos.
Saúde!!!
Comentários