Whisky brasileiro, com 43% de teor alcoólico.
Nasceu da iniciativa do empresário Bruno Mafra em fabricar um licor, o “Witch on Fire”, inspirado no licor canadense (surgiu no Canadá e pertence hoje à empresa “Sazerac Company”, com sede nos Estados Unidos), “FireBall”, ambos possuem whisky em sua fórmula. O produtor brasileiro resolveu fabricar seu próprio whisky para compor seu licor. E whisky de malte!
Acima, o licor canadense e o tupiniquim.
Em círculos reservados, amigos e família, começou a oferecer seu whisky para degustações, recebendo elogios, e resolveu engarrafar. Surge assim o Code Nine no final de 2019. Whisky de malte brasileiro.
A fabricação desse whisky possui características distintas. O destilado, já envelhecido, é comprado de uma destilaria (que o produtor prefere manter em anonimato); Cortado (dissolvido em água), e engarrafado em outra destilaria (a Xanadu, em Blumenau, Santa Catarina). Como é fabricado em uma única destilaria, em alambiques tipo “pot still” (formato de panela), apenas com cevada maltada, temos um “single malt”.
Ressalte-se que, de acordo com informação do produtor, o Code Nine, além de obedecer a legislação brasileira, segue também a Lei Escocesa em seu processo de produção.
É um whisky “Nas”, não possui idade declarada. O fabricante afirma ter na fórmula do Code Nine, whiskies bem jovens (no mínimo 3 anos), whiskies mais envelhecidos e uma pequena porção de whiskies de até 40 anos (!!!).
Embora na garrafa esteja mencionado a adição de corante (uma prevenção para que nos próximos lotes a cor padrão seja mantida), nesse primeiro lote (que degustamos), afirmam não ter colocado. A cor advém do barril. Aliás, o nome “Code Nine”, deriva dos tipos de barricas usadas para envelhecimento, entre barris de carvalho americano e europeu; barris raspados e crestados ou não; e de primeiro uso ou refil, num total de nove (nine), barris diferentes.
Em nossa degustação, Lágrimas finas escorrem rapidamente pelo bojo da tacinha.
No aroma, temos uma baunilha intensa. Bala de caramelo e um amadeirado muito presente! Nenhuma sensação de álcool, o que é muito louvável tendo em vista ter whiskies novos em sua fórmula e ser engarrafado com 43% de teor alcoólico (fugindo do “padrão” de 40%).
Na boca, a textura é de média oleosidade.
É doce. Bastante doce! Após a doçura, sente-se um amadeirado apimentado agradável. Lembra também chocolate ao leite e ameixa passa.
O processo de tostar o barril, que foi bastante usado aqui, ativa compostos, formando uma espécie de caramelização dos açúcares presentes na madeira. Diferentes níveis de tosta, diferentes sabores.
O destilado em contato com esses barris crestados, ganha caráter adocicado, lembrando baunilha, caramelo, açúcar mascavo, etc.
O retrogosto é doce e à medida que o doce vai se dissipando, surge um apimentado suave, mas persistente, com leve adstringência, comum em whiskies bem amadeirados.
Não é um whisky complexo. É direto ao ponto. Atende paladares iniciantes, pela sua suavidade e doçura; e também a paladares desenvolvidos que buscam sabores diferentes do habitual.
Pra quem gosta de whiskies bem doces, é um prato cheio.
É muito importante que fabricantes brasileiros produzam whisky. Isso ajuda a desenvolver o mercado de whisky no Brasil. Também é importante que tenhamos cada vez mais produtos de qualidade e transparência nas etapas de produção.
O Brasil é um mercado de whisky em crescimento e surgem cada vez mais entusiastas curiosos e ávidos para obter conhecimento sobre rótulos, marcas e produção da melhor bebida do mundo!
Gostamos da iniciativa e fazemos votos que a marca se desenvolva cada vez mais, apresentando também outros rótulos de diferentes idades e sabores. Nós consumidores brasileiros agradecemos!
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