Single Malt Irlandês com 46% ABV.
Não há informações sobre adição de corante e se passou por filtragem à frio.
Pela graduação alcoólica, podemos especular não haver tal filtragem. Corante para padronização é muito provável que contenha.
Produzido pela Destilaria Cooley, estabelecida no norte da Irlanda, na Península de mesmo nome.
A destilaria foi fundada em 1987 pelo empresário John Teeling, mas desde 2012 é propriedade da gigante Beam Suntory.
Ao contrário da maioria dos whiskies Irlandeses que passam pelo processo de destilação três vezes, o Tyrconnell 16 anos é destilado duas vezes em alambiques Pot Still de cobre (bidestilado), como a grande maioria dos whiskies produzidos nas destilarias do país vizinho: Escócia.
Tyrconnell é uma marca histórica de whisky. Teve seus direitos adquiridos pela Destilaria Cooley e revivido em 1988, depois de uma rica história que contamos resumidamente…
A marca pertencia anteriormente à Destilaria Andrew A.Watt & Company, que remonta à 1762. O Tyrconnell era seu produto principal e recebeu o nome de um cavalo de corrida de propriedade de Andrew Alexander Watt. Por sua vez, o nome “Tyrconnell”, homenageia um antigo reino que existiu na Irlanda (Tír Chonaill), que abrangia as terras da destilaria.
O cavalo era um potro castanho da raça Chestnut Colt, que venceu com chances de 100 para 1 em 1876 na corrida de cavalos irlandesa chamada “The National Produce Stakes”, em Derry. A corrida de cavalos em que, surpreendentemente, um azarão foi o vencedor é retratada no rótulo.
Um whiskey para eternizar uma vitória improvável.
Infelizmente, com a crise do Whiskey Irlandês, que falamos aqui, por volta de 1925, tanto a marca como a Destilaria em Derry, cidade hoje pertencente à Irlanda do Norte, desapareceram.
É um whiskey com um processo de finalização ainda incomum.
É envelhecido em barris que antes contiveram Bourbon por 16 anos. Após essa etapa, é colocado dentro de barricas, por alguns meses, para uma finalização especial…
Pegaram barris que antes contiveram vinho Jerez Oloroso, esvaziaram e encheram novamente com vinho Moscatel, por alguns meses.
Depois de algum tempo “temperando”, com um segundo vinho, totalmente diferente, esvaziaram e encheram os barris com whiskey!
Imaginem a complexidade que pode vir de barris duplamente temperados!!!
E realmente, é um whiskey marcante.
Vejamos:
Lágrimas bem finas escorrem vagarosamente pelo bojo da taça. Gruda whiskey por todas as laterais da taça em pequenas bolhas arredondadas.
Aroma suave, sem conotação alcoólica. As nuances do vinho Moscatel são dominantes. Muito perfume de uvas brancas maduras. Soma-se a isso, baunilha, peras, pêssegos, mel, um amadeirado moderado e também um pouco do Jerez.
É difícil parar de cheirá-lo!
Na boca possui bom corpo. De médio para encorpado.
Muito gostoso!
Frutado puxando para o cítrico, doce e bastante apimentado (pimenta verde).
Uvas brancas, pêssego, ameixa branca. Cítrico adocicado. Mel e claro, pimenta!
No retrogosto, surge levemente um amargor, mas que combina muito bem com o frutado adocicado cítrico e o apimentado persistente, permanecendo ainda uma sensação refrescante por longo tempo.
Com a taça esvaziada, amadeirado e presença do vinho Moscatel.
Um belo whiskey, que foge do tradicional da indústria irlandesa, por ser um single malte e também por ser bidestilado, mostrando que a original terra do whiskey (ou whisky!!!), oferece muitas opções para serem descobertas (ou redescobertas), pelo entusiasta apaixonado pela água da vida!
Slainté!!!
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