Blended whisky francês, engarrafado à 45,8% de teor alcoólico, elaborado sem passar por filtragem à frio. Possui corante.
Possui em sua fórmula whiskies de malte e whiskies de trigo (ambos de origem escocesa – comprados à granel – a destilaria não divulga de qual ou quais destilarias); envelhecidos em barris de carvalho americano que antes contiveram Bourbon por um período de cinco a sete anos.
Esses whiskies são recebidos e colocados em barris de carvalho francês que antes contiveram vinho “Sauternes” (vinho branco doce de sobremesa – escrito assim mesmo, no plural), por um período de três a seis meses.
Moon Harbour é uma destilaria que nasceu da amizade de dois franceses aficionados por whisky e apaixonados pela bela região francesa de Bordeaux; os senhores Jean Philippe Ballanger e Yves Medina, que desde 1986 já participavam de degustações e compartilhavam seu amor pela “água da vida”.
Somente em 2012 resolveram dar um passo à frente e iniciar a concretização do sonho em comum: produzir whisky!
Começaram a adquirir conhecimento técnico, fazendo cursos, visitando destilarias, etc.
Mas precisavam de algo mais…
Para isso, fizeram parceria com um dos profissionais mais respeitados do mundo do whisky : o escocês, John McDougall!!!
São mais de sessenta anos dedicados ao whisky (!!!), seja como mestre destilador, master blender ou gerente de destilarias (aproximadamente quarenta), em todas as regiões produtoras da Escócia e em diversas partes do mundo!
Um dos grandes nomes do whisky mundial!
John deu à Jean Philippe e Yves, o conhecimento necessário para começar a produzir.
Em 2016 instalaram a destilaria. No ano seguinte deu-se início à produção!
Surgia assim, em 2017, a Moon Harbour!
Em Bordeaux.
Produzindo Whisky, bem como Gin e Rum.
Conseguiram instalar a destilaria junto a um antigo “Bunker” abandonado, usado na segunda guerra mundial como uma grande caixa de concreto, protetora dos tanques de combustíveis de uma base de submarinos alemães que ficava ao lado.
O Bunker gigante é a warehouse da destilaria.
Moon Harbour ou Porto da Lua em bom português, é o apelido que o Porto de Bordeaux recebe, desde a antiguidade, devido à curva que o Rio Garonne faz em forma de meia lua ou uma grande lua nascente.
É o símbolo adotado pela cidade.
A lua crescente é o símbolo adotado pela cidade de Bordeaux e o símbolo adotado pela marca de whisky da cidade, tão famosa pelo intenso comércio de vinho.
E numa cidade que respira vinho, a inspiração para finalizar uma maturação de whisky em barris que antes contiveram a bebida fermentada de Baco viria naturalmente!
O local é estratégico!
Uma curiosidade: quando produzem whisky defumado, a cevada é defumada usando turfa acrescentada de algas marinhas secas (do tipo Bassin d’Arcachon), dando ao malte além do aroma de fumaça, delicadas notas de iodo.
Outra curiosidade: Para seu whisky de milho maltado (!!!), a maltagem é feita na própria destilaria.
Mas focando na degustação do nosso Moon Harbour de hoje…
Lágrimas bem estreitas escorrem de forma muito lenta na taça, permanecendo whisky por todo seu bojo. Gruda muito! Escorrendo vez por outra.
Uma bela visão!
É o símbolo adotado pela marca de whisky da cidade, famosa pelo intenso comércio de vinho.
Uma bela visão!
No aroma não há sensação alcoólica. O adocicado e a acidez cítrica, próprios do vinho Sauternes, são percebidos.
Além disso, sente-se de forma muito agradável aromas de mel, nozes, baunilha cremosa e amadeirado.
Na boca o corpo é médio. Há sensação alcoólica. Há gosto de cereais. Ele não nega ser um Blended jovem. Mas um bom Blended.
É adocicado e balanceado com o cítrico. Boa estrutura. Possui leve amargor e um frutado que lembra damascos e pêssegos.
Retrogosto de média duração. Quente, apimentado lembrando gengibre, pouco doce, com a citricidade agradável ficando por relativo tempo na boca, acompanhado por aquele amargor, ainda suave, deixando a boca, no fim da degustação, com discreta adstringência.
Com a taça esvaziada, resquícios do cítrico doce do Sauternes!
É bom. Mas não possui boa relação custo x benefício.
O propósito do lançamento desse whisky foi apenas angariar fundos para investir na destilaria.
Talvez lançado com certa pressa. Poderia haver uma maturação melhor. Ou uma finalização por maior tempo.
Enfim…
Como o destilado possui DNA escocês, não há, nesse whisky, a alma da destilaria. Literalmente, não há seu “spirit”!
Ok, é um blended! Seria impossível perceber o terroir da destilaria no meio da mistura e tal…
Mas o sentimento que fica é de não ter degustado um whisky francês! Embora, lógico, esteja de acordo com a legislação francesa.
Também em última análise, a finalização em barris ex vinho Salternes não causou no whisky em questão, uma profundidade de aromas e sabores como ocorreu, por exemplo, com o Glenmorangie 12 anos também finalizado no mesmo tipo de barrica. Este muito mais pungente (não degustamos a versão sem idade declarada).
O fabricante recomenda a degustação do whisky em temperatura baixa, leia-se “geladinho”, escondendo suas pequenas imperfeições, deixando-o mais adocicado e menos cítrico, muito fácil de beber e até gastronômico! Pronto para acompanhar um prato leve, como um peixe ou frango. Mas fuja das pimentas! Ela potencializa a sensação alcoólica!!!
Saúde!
Ou Santé !
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