143. Gouden Carolus – Belgian Single Malt!!!

Whisky de malte produzido na Bélgica pela destilaria De Molemberg, propriedade da cervejaria Het Anker.

Não possui corante e não passou por filtragem à frio.

Engarrafado com 46% de teor alcoólico.

Bom, quando você pensa na Bélgica, provavelmente não é whisky que primeiramente vem à cabeça!

Waffle, chocolate, batata frita e, é claro, cerveja! São lembrados primeiro.

Aliás, a cerveja belga, e não a alemã, é considerada a melhor do mundo. E para o desespero de muitos “entendedores” de cerveja brasileiros, as melhores cervejas belgas, portanto as melhores cervejas do mundo, não são puro malte!  Pois é… Não são.

A cervejaria Het Anker surgiu no ano de 1471 (!!!), na pequena cidade de Mechelen, fundada por uma comunidade de Beguines (uma ordem religiosa sem votos de pobreza e castidade).  Mas em 1872 foi adquirida pela família “Van Breedam”, que é a proprietária até os dias de hoje!

Nomeia seus produtos com a alcunha “Gouden Carolus” (Golden Charles ou Carlos de ouro), em homenagem ao Sacro Imperador Romano, Carlos V (1500 – 1558), que cresceu na cidade de Mechelen.

A mesma família possui uma fazenda em Blaasveld, desde 1637, e lá decidiram reavivar uma antiga tradição familiar que havia se perdido: a arte de destilar!

Em 2009 começaram uma grande reforma na fazenda, chamada Destilaria “De Molemberg”, que já destilou “Jenever” (um destilado muito parecido com Gin), e em outubro de 2010 encheram o primeiro barril de whisky!

A destilaria possui um par de alambiques de cobre martelados à mão.

A base para Gouden Carolus Single Malt é o mosto de malte da cerveja Gouden Carolus Tripel, antes da adição de lúpulo.

Após a destilação, o destilado é bombeado para barris de Bourbon para primeiro enchimento com whisky, para então serem envelhecidos por dois anos e meio e depois transferidos para passar mais seis meses em barris “Het Anker’.  Esses barris são fabricados em uma tanoaria em Portugal, seguindo especificações da própria destilaria, feitos de carvalho americano e levemente crestados por dentro.

E o que percebemos neste whisky belga?

Um aroma intenso!

Frutas amarelas e brancas, baunilha e malte.  Não há sensação alcoólica!  O que para um whisky tão jovem, é muito louvável!  Por fim, um amadeirado muito perfumado.

Na taça ele demonstrou muita untuosidade!

Lágrimas espaçadas e disformes escorrem lentamente.  Fixam-se nas paredes da taça.

Na boca, a sensação de corpo é média.

Não chega a ser seco, mas é pouco doce.  Novamente, muito frutado!  Mas ao mesmo tempo, suave e elegante.

Mamão papaia, pêssego, banana, maçã verde, lichia e uvas brancas bem maduras.

Além, claro, do malte, aparece caramelo, pimenta verde e talvez por altossugestão, o fermento belga, tão comentado nas saborosas cervejas!

É de se destacar que no paladar uma discreta sensação alcoólica é sentida.

Retrogosto apimentado, com o frutado permanecendo por um tempo considerável.  Diria ser de média duração.  A uva branca e Lichia perduram.

Com a taça esvaziada, muita fruta! Elas ficaram um bom tempo por aqui! E um pouco de herbal que me lembrou alho.

Um whisky jovem, mas com uma complexidade deliciosa!

O whisky belga ainda é incipiente.  Começou há menos de duas décadas à proporções industriais, como veremos em breve aqui no site, mas já alcança um nível de qualidade equiparável aos bons maltes escoceses.

O primeiro impacto foi muito positivo.

Saúde!

*As próximas análises serão de whiskies fora do eixo Escócia x Brasil. Será um passeio interessante por diversos países.  A não ser que sejamos convocados a degustar algum lançamento nacional.  Aí abriremos exceção com o maior prazer.

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