137. Lamas Rarus!!!

Whisky brasileiro, puro malte, produzido pela destilaria mineira, Lamas.

Não passou por filtragem à frio e não lhe foi adicionado corante.

43% de teor alcoólico.

Lançado agora, neste mês de junho, este whisky foi integrado à linha principal da Destilaria.

Tem como diferencial a finalização em barril que antes conteve Rum, bebida bastante identificada com o Caribe, seja Ístmico (do continente), ou Insular (das ilhas), e muito semelhante à nossa cachaça pois possuem a mesma matéria prima: cana de açúcar.

Se diferenciam, basicamente, pela amplitude do teor alcoólico e pela composição do mosto.

Vamos explicar:

O teor alcoólico da cachaça (lembrando que cachaça é um termo que só pode ser usado quando produzida aqui no Brasil), é definido pela Lei brasileira entre 38 a 48%.

Enquanto o Rum, que pode ser produzido em qualquer lugar do mundo, possui teor alcoólico NO BRASIL, entre 35 e 48%.

Sim, porque lá fora o Rum pode ser comercializado até em incríveis 70% (!!!), de teor alcoólico!!!  Depende, claro, da legislação de cada país.

Quanto à composição do mosto, ou seja, quanto àquela mistura açucarada, pronta pra começar a fermentação alcoólica… 

Para a cachaça, sempre o caldo de cana fresco. A garapa.

Para o Rum, geralmente o melaço. A garapa cozida. Um nível acima na linha de produção do açúcar.

Bom, sobre o Rum, dissemos ali em cima, “geralmente o melaço”, mas há exceção!!!

Nos países caribenhos de colonização francesa, como o Haiti e Guadalupe, existe o “Rhum Agricole”, termo francês para “Rum de caldo de cana”.

É feito inteiramente como a cachaça brasileira e pode ou não ser envelhecido em madeira.

Bom, alguns crentes afirmam que nossa cachaça teria copiado este último estilo de se fazer Rum.

Polêmicas à parte, a Lamas não tem nada a ver com isso!

Ela diz apenas e didaticamente, que da mistura desses dois estilos de se fazer Rum, a Lamas Destilaria criou o seu Rum “Norma”. 

* Imagem retirada do perfil “ambix.mercadocentral”, no Instagram.

Este, envelhecido em Barris que antes contiveram Bourbon.

A Lamas Destilaria criou seu Rum e possuía barris usados e cheios de sabor!!!

Resolveu usá-los para maturar whisky.

Esta é a receita do Lamas “Rarus”.

Sua maturação deu-se primeiramente em barris de carvalho americano ex Bourbon de primeiro e segundo uso, por um período de 5 a 6 anos.

Em seguida o líquido é retirado, colocado naqueles barris que envelheciam o Rum Norma.

Esse primeiro lote que chega ao mercado, possui uma mescla de barris cuja finalização varia entre um ano e meio a 6 meses.

E como foi nossa prova?

Na taça, possui um acobreado bem forte e  brilhante.

Lágrimas finas, bem espaçadas, escorrem rapidamente.

No aroma, aparece um pouco a sensação alcoólica.  Passado alguns minutos, surge o malte e as frutas amarelas ou tropicais (comum para finalizações em barris ex Rum). Banana, ameixa branca, pêssego.  Suaves, mas presentes.  A nota herbal, bem característico da destilaria, também é bem notada.  Passados mais alguns minutos, uma nota de chocolate ao leite e canela aparecem.

Na boca, o corpo é médio.  O álcool é sentido num primeiro momento.

Doce.  Banana madura, gengibre e um amargor leve.

Quanto mais o álcool se dissipa, mais surge uma nota agradável de café, puxando para o chocolate ao leite com um toque de canela.  Talvez um cappuccino (que eu adoro!).

Retrogosto de média duração, com amargor e adstringência leves.  Permanece o cappuccino.

Com a taça esvaziada, um resquício do chocolate ao leite e o herbal.

É um bom whisky.  Sem dúvidas!

Talvez tenha faltado um pouquinho de maturação para um melhor equilíbrio e para ter a possibilidade de se aumentar o teor alcoólico.

Lembro de ter tido o prazer de retirar uma amostra, direto do barril, de um Lamas que estava finalizando num desses barris ex Rum e foi uma experiência sensacional!

Tem muita coisa boa em gestação por lá.

Ao consumidor, uma reflexão…

Estamos vivendo um momento único para entusiastas de whisky no Brasil.

Vivemos os tempos dos primeiros whiskies de malte nacionais à níveis comerciais; e respectivas finalizações primus. Sim, do latim “primeiro”.

 Estamos tendo a oportunidade de degustar os primeiros whiskies brasileiros de malte, finalizados em barris que antes contiveram cerveja, vinho fino chileno, vinho fortificado, barris virgens tostados, etc.

E agora, Rum brasileiro.  O primeiro!

É a história do whisky brasileiro passando sobre nossos sentidos.

Então…

Degustem! Carpe diem!

Saúde!!!

Deixe um comentário

Seu e-mail não será publicado.