Whisky brasileiro, produzido pela destilaria mineira “Lamas”.
Não possui adição de corante e não passou por filtragem à frio.
Whisky de malte, com 40% de graduação alcoólica.
Idealizado em cooperação com Cesar Adames, um dos maiores especialistas em bebidas do Brasil! Sim, temos que generalizar dizendo “bebidas”, tendo em vista que o professor Cesar Adames possui décadas de estudos em destilados, cervejas, vinhos e etc. Bastante etc!!!
Além de também ser especialista em charutos, ter livros publicados, ministrar aulas em diversas instituições e ser muito conhecido no cenário nacional e internacional em que envolva esses assuntos acima.
Mas a parceria não começou aqui.
Em 2021, A Lamas e Adames formularam o “Smoked Single Malt Whisky”, um whisky dedicado à apreciadores de charutos e whiskies defumados, tendo como base o whisky “Nimbus” da destilaria, passando por uma finalização em barris temperados com a cerveja “Durak”, do tipo “Russian Imperial Stout Oak Aged”, uma cerveja muito intensa! E que passou por um período de 6 meses maturando em barris de Carvalho Americano; também produzida pela polivalente destilaria mineira (!!!). Tudo isso engarrafado à generosos 51% de teor alcoólico.
Agora a proposta é totalmente diferente.
No whisky anterior buscou-se a intensidade. A complexidade!
Com o whisky “1000 Dias”, temos uma experiência. Uma curiosidade posta em prática.
Como o nome já diz, por mil dias o destilado da Lamas envelheceu dentro de um barril de Carvalho Americano. Esse mesmo barril maturou anteriormente Bourbon da “Jack Daniel’s” e está sendo usado pela primeira vez para envelhecer whisky brasileiro. Um “first fill”, portanto, e também um “single barrel”, pois todo o lote desse whisky advém de um único barril (são apenas 300 garrafas).
Ocorre que mil dias de envelhecimento são apenas 2 anos e sete meses, aproximadamente, de envelhecimento.
Na Escócia não poderia ser chamado de whisky! Lá, para ser considerado whisky, o destilado deve permanecer maturando em terras escocesas por pelo menos 3 anos e um dia em barril de Carvalho.
Mas tanto no Brasil como nos Estados Unidos (mínimo de dois anos, ou 730 dias em barril), é sim, um legítimo whisky.
A proposta aqui foi demonstrar que um dos fatores determinantes para o envelhecimento de um whisky é o clima.
Calor acelera a maturação! E também acelera a perda do destilado pela evaporação (a tão conhecida “Parte dos Anjos, ou “Angel’s Share”).
Dessa forma, seria possível demonstrar que podemos obter um bom whisky, com pouco tempo de maturação e ainda assim, seguir a legislação brasileira.
Mas e o resultado?
Acompanhe nossa degustação…
Sua fórmula segue a linha do whisky “Plenus”, mas este conta com teor alcoólico de 43% e um pouco mais de tempo de envelhecimento.
Observamos uma cor amarelo palha, límpida e brilhante.
Na taça, lágrimas estreitas escorrem de forma rápida, permanecendo bastante do whisky travado no bojo, escorrendo aos poucos e bem vagarosamente.
Muito perfumado!
A percepção alcoólica, para um whisky com apenas 1000 dias de envelhecimento, é mínima.
Sente-se um floral amadeirado, notas herbais e bastante cítricas.
À medida que você vai sentindo os aromas, mais eles vão se intensificando.
Baunilha, malte, um pouco de alecrim e bastante citricidade! Um frutado puxando para maçã verde e laranja (Laranja Bahia), uma acidez interessante.
Na boca o corpo é ralo.
Baunilha, amadeirado, pimenta branca e malte.
É suave pra tão pouco tempo de maturação.
A citricidade bastante sentida no aroma, agora é bem discreta.
Finalização de média duração. Quente! Cítrico, com o apimentado mais intenso! Puxando agora para o gengibre. Há uma pequena sensação alcoólica e deixa um pouco de adstringência na boca.
Com a taça esvaziada, amadeirado e muito cítrico!
Um whisky em que achei válida a experiência.
Possivelmente o ABV em 40% foi a escolha obtida tendo em vista a relação: teor alcoólico x tempo de maturação; buscando equilíbrio e suavidade.
Lembrando que o whisky brasileiro, por Lei, deve ser engarrafado entre 38% e 54% ABV.
Com toda certeza foi usado um ótimo barril e essa parceria da Lamas Destilaria com o professor Cesar Adames, demonstrou de forma inequívoca que o calor de Minas Gerais (e do Brasil como um todo), pode acelerar de forma positiva a interação da madeira com o destilado. Que aliás, está cada vez mais perfumado!
Saúde!!!
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