46% de teor alcóolico.
Whisky escocês de malte único.
Não passou por filtragem à frio. Não lhe foi adicionado corante.
Fundada em 1964, a destilaria Loch Lomond (falamos um pouquinho dela aqui), possui hoje, em funcionamento, três alambiques de coluna e oito alambiques do tipo “pot still”, sendo seis deles, na verdade, alambiques híbridos! Sim.
Conhecido como “Lomond Still”, Uma combinação do tradicional alambique de panela (pot still), com uma coluna acoplada, possuindo nessa coluna, placas perfuradas, ajustadas no pescoço (a critério, abertas ou fechadas), e resfriadas, de forma independente, de acordo com o perfil de sabor que se pretende obter do destilado, controlando o refluxo durante o processo de destilação.
Isso influencia sabores e aromas, fazendo perfis de sabores tão variados quanto a imaginação do mestre destilador.
Esse tipo de alambique é bem raro hoje. Foi inventado em 1955, pelo engenheiro químico Alistair Cunningham e pelo desenhista Arthur Warren, ambos funcionários do grupo canadense de bebidas “Hiram Walker”.
Além da Loch Lomond, apenas Scapa possui um desses para a fabricação de whisky de malte e a destilaria Bruichladdich usa o seu “Lomond” para fabricar o famoso Gin “Botanic”( o alambique é carinhosamente chamado de “Betty, a feia!”).
A novíssima destilaria InchDairnie (fundada em 2011; início da produção em 2016), possui uma versão atualizada do “Lomond”.
O nosso whisky degustado hoje é uma combinação de 3 estilos, todos produtos de maltes turfados, com diferentes tipos de turfa e níveis de fenóis (máximo de 50 ppm).
Dois deles são produzidos nos destiladores tipo “Lomond still” e o terceiro em alambiques tradicionais, pot still.
Com o nome de uma das muitas ilhas do lago Lomond, “Inchmoan” significa literalmente ‘Ilha da Turfa’, assim chamada devido ao seu uso histórico como fonte de combustível pela população da vizinha Luss (uma cidadezinha linda! Às margens do lago Lomond, que visitamos em 2018).
Envelhecido por doze anos numa mescla de barris de carvalho americano ex Bourbon de primeiro uso e também barris de segundo uso para whisky (e que foram novamente carbonizados).
Salientamos que a Loch Lomond é uma das poucas destilarias escocesas que possui sua própria tanoaria, fabricando e fazendo a manutenção de barris variados.
Misturados, casados e engarrafados… Em nossa taça pudemos perceber…
Boa oleosidade. Lágrimas estreitas escorrem de formas variadas. Algumas bem lentamente, outras muito rápidas, permanecendo perene coroa oleosa no bojo da taça, muito interessante!
Aromático! Floral cítrico, suave e gostoso. A turfa é presente. Refrescante. Mas não é intensa. Notas de grama verde, hortelã e abacaxi na churrasqueira.
A influência dos barris ex Bourbon é incisiva.
Na boca a consistência é média, para bem oleosa.
Sente-se uma baunilha e uma citricidade intensa. Doce. Gengibre esquentando sua boca. Amadeirado levemente adstringente com uma boa dose de fumaça líquida. A turfa é levemente medicinal e muito refrescante!
Finalização longa. A turfa é forte no retrogosto! O apimentado de gengibre surge e demora a se esvair, dando lugar a agradável cítrico, que permanece até a fogueira apagar. Lentamente…
Com a taça esvaziada, fumaça cítrica.
Um whisky rico e muito agradável de degustar! De uma das destilarias escocesas mais interessantes de estudar e degustar.
Saúde!!!
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2 comentários
Belíssimo texto, entrei pela curiosidade sobre os diferentes alambiques, tudo muito bem explicado
Autor
Obrigado!