115. Lamas Caledonia: 1 e 2 !!!

Parceria entre a destilaria mineira Lamas e com o espaço conceito Caledonia, de São Paulo, de propriedade de Guilherme e Mauricio (O cão engarrafado).

Dois whiskies que cresceram juntos até certo ponto.

 Com o engarrafamento do Lamas Caledônia 1, outro barril gêmeo, com o mesmo DNA Lamas, continuou sua evolução, agregando e suavizando até chegar “ao ponto” de ser engarrafado como Lamas Caledonia 2.

Ambos não levam corante.  Não passaram pela filtragem gelada e foram engarrafados à generosos 50% de teor alcoólico.

Luciana Lamas, uma das sócias da destilaria e também sua porta voz, nos contou como nasceu a parceria entre a Destilaria Lamas e o Caledonia:

“Nós tivemos a honra de conhecer o Maurício Porto no Bar Convent de São Paulo, em junho de 2019. O Maurício passou por lá, degustou as nossas bebidas e achou o Nimbus bastante diferenciado. Ele conversou sobre a Lamas com um dos sócios e logo publicou um artigo no seu blog “O Cão Engarrafado” denominado ‘Lamas Nimbus – Fumaça de Mudança’.

Em nossas conversas na feira e pós-feira, o Maurício sugeriu a finalização do Nimbus em barris de carvalho europeu ex Porto. A Lamas acatou a sugestão e cerca de 8 meses depois de ficar neste novo barril enviou amostras com diferentes graduações de ABV para que o Maurício determinasse o que mais lhe agradava. Ficamos um tempo entre 46 e 54 ABV. Por fim, ele elegeu 50% ABV.

Como 50 ABV representava uma diluição menor do que o Nimbus (de 43 ABV), o sabor do defumado sobressaiu muito e deixou o whisky desequilibrado. Sugerimos então que fosse feito um blend entre 75% deste novo malte com 25% do Verus (a 50 ABV). O casamento destes dois maltes deu origem ao Caledonia!”

Convidamos o Maurício para escrever o descritivo da bebida no rótulo e fizemos um acordo para chamá-lo de Caledônia. Era o mínimo que poderíamos fazer: uma pequena homenagem e retribuição à pessoa que sempre nos prestigiou e aceitou também o desafio de colocar seu nome e do seu estabelecimento em um whisky nacional. Foi uma grande honra para a Lamas estabelecer esta parceria com um dos mais renomados especialistas em whisky no Brasil.”

Dessa forma, temos um Lamas Nimbus, malte defumado por madeira de reflorestamento, envelhecido em barris ex Bourbon (potencializado, agora, pela finalização em barris que antes contiveram vinho licoroso estilo Porto), somado a uma parcela menor do Lamas Verus, envelhecido em barris ex Bourbon (finalizado em barril ex vinho licoroso estilo Porto).

Dois single malts da destilaria, finalizados em barril ex vinho licoroso estilo Porto:  O Verus (um “double wood”, por essência); mais o Nimbus (envelhecido em carvalho americano ex Bourbon), somado à nova finalização em barril ex vinho do Porto por 9 meses. 

 A maior parte do malte, defumado (Nimbus).  Uma parte menor sem defumação (Verus), para dar equilíbrio.

Um whisky defumado e vínico, portanto.

Esses maltes foram casados (postos juntos num grande recipiente para misturar e descansar), cortados (acrescidos de água), e engarrafados à 50%.

Nascia assim o Lamas Caledonia 1!

A proporção da fórmula é 75% daquele malte Nimbus (finalizado em barril ex vinho licoroso tipo Porto, por 9 meses),  mais 25% do malte Verus (um whisky bastante floral).

Mas então por que não temos um blended malt?  Simples, porque os maltes usados são da mesma destilaria!

Para a criação do Lamas Caledonia 2, foi usado novamente um barril ex vinho licoroso com Nimbus, agora mais envelhecido (14 meses); e também foi misturado com um Verus mais envelhecido. Na mesma proporção do Caledoni 1.

 Novamente, esses dois maltes foram casados, cortados e engarrafados também à 50%.

O que difere um Lamas Caledonia do outro são cinco meses de envelhecimento em barril.  E sim, faz diferença!

Degustando o Caledonia1, apesar do elevado teor alcoólico, a sensação alcoólica não é sentida.  Nota-se um bom envelhecimento.  Bons barris.

No olfato é defumado.  Um defumado realmente diferente dos whiskies defumados com turfa.  A madeira usada para queima, transferiu notas diferentes para a cevada maltada.  Um toque medicinal, permanecendo o cheiro de lenha queimando, que muitos associam com incenso.  Nota-se ainda uma baunilha suave.

Na taça é oleoso. Diria que o corpo é de médio para encorpado.

Na boca é doce, com um amadeirado intenso.  Apimentado e frutado.  O medicinal continua, somado a discreta nota salina.

Final longo, um pouco adstringente, queimando um pouquinho a garganta.  O defumado fica um bom tempo na boca e se realça o toque salino.

Com a taça esvaziada, pensem numa lenha de laranjeira queimando na churrasqueira.  É isso!

Muito interessante!

Sobre o Caledonia 2, o acréscimo de tempo na finalização e a proporção maior do “Verus”, o deixou em alguns aspectos mais intenso.  Em outros, mais suave.  É incrível a mágica que acontece dentro dos barris!

No aroma, o Caledonia 2 se mostra mais doce e mais frutado (geleia de morango). O amadeirado foi suavizado e se mostra mais na forma de incenso.  O apimentado do aroma, outrora discreto, agora se mostra mais parecido com pimenta malagueta. Este acentuou-se.

Na boca, o adocicado e o frutado são mais intensos!  Seguidos pelo defumado e a pimenta malagueta.  Ela assume o protagonismo e permanece.

O retrogosto é longo.  Com o defumado frutado apimentado secando sua boca e fazendo você salivar com o gosto gostoso do whisky.

Com a taça esvaziada, quem já visitou um “warehouse”, uma casa de maturação onde descansam os barris, vai reconhecer o aroma!  Lembra madeira umedecida por whisky.  Um whisky bem frutado!

Os dois são whiskies muito bem feitos.  Mas o Caledonia 2 realmente me surpreendeu!

E logo logo vem mais novidade por aí…Ops!!!

Saúde!

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