Whisky brasileiro, um single malt, com 43% de teor alcoólico. Sem idade declarada.
Nasceu da iniciativa da cervejaria Ouropretana, localizada em Ouro Preto/MG (cidade que temos muito carinho e já visitamos algumas vezes). Eles envelheceram sua cerveja estilo Brown Porter em barril de Amburana (uma madeira brasileira). Pegaram esse barril, depois de envasar as cervejas e encheram com whisky, deixando por seis meses, quando determinaram o ponto ideal para engarrafar.
O whisky utilizado foi o “Plenus”, single malt de entrada da Destilaria Lamas. Um whisky maturado em barris variados quanto ao uso, todos ex Bourbon.
O ato de uma empresa comprar whisky de uma destilaria e envasar de acordo com sua preferência é prática comum e extremamente regrada na Escócia. São os famosos “engarrafadores independentes”. Aqui no Brasil estamos começando a ver rótulos surgindo nesse modelo e a tendência é aumentar.
A Ouropretana, consagrada cervejaria mineira, já tinha o costume de maturar cerveja em barris. Isso agrega características sensoriais a muitos estilos de cerveja.
A cerveja que utilizaram antes nesse barril amburana foi uma breja no estilo “Brown Porter”, um estilo de cerveja que surgiu na Inglaterra lá atrás, por volta de 1700, e foi muito difundida entre os estivadores dos Portos ingleses.
Essa é a variação que mais se assemelha à cerveja Porter original. Possui o corpo um pouco mais leve do que as outras variações e sua coloração pode variar de marrom a marrom-escuro. Com notas de caramelo e café (sabor marcante do malte torrado), a Brown é leve no paladar, sem perder a intensidade característica da família “Porter”.
Segundo a cervejaria, o whisky Ouropretana não passa por filtragem gelada e não lhe foi adicionado corante.
Nesse primeiro lote, foram envasadas 160 garrafas.
Possui uma cor dourado fechado. Lembra mel.
Lágrimas estreitas escorrem de forma rápida pela taça.
Aroma doce e amadeirado. Um pouquinho de álcool é sentido. Possui uma nota herbal que me lembra chá amargo e uma nota de torrefação adocicada que vai aparecendo à medida que o álcool se dissipa.
Na boca, o corpo é médio.
Sente-se caramelo, baunilha, amadeirado e uma surpreendente canela.
Surge uma nota de café, um pouco ácida e um tímido chocolate ao leite. A canela se mantém. Álcool de leve.
Final pouco doce, apimentado e adstringente. O herbal ressurge.
Com a taça esvaziada, herbal amadeirado.
Para um whisky “nas”, possui uma complexidade interessante. Os meses em barril de amburana que antes conteve cerveja, agregou uma complexidade interessante e abriu um novo horizonte para o whisky brasileiro, que pode ser seguido (e já está sendo), por outras cervejarias.
Uma dica muita legal foi dada pelo Leonardo T. Costa, da cervejaria Ouropretana: colocar uma dose de whisky (10% do volume), na cerveja “Brown Porter” e degustar. Nós fizemos e ficou muito legal!
Saúde!!!
2 comentários
Bela análise, divulgando uma iniciativa mineira de se tirar o chapéu! Saúde!
Autor
Sim. Eles estão de parabéns!!
Obrigado e saúde!