C H I V A S.
No final do sec. XVIII e por todo o sec. XIX, as destilarias não engarrafavam seus maltes como uma marca comercial (só na segunda metade do sec. XX alguma coisa mudou), e vendiam a maioria de sua produção para armazéns ou misturadores das principais cidades escocesas.
Esses misturadores, visionários e influenciadores no mundo do whisky naquela época, misturavam os maltes, geralmente pesados, com whiskies de grãos, mais leves, obtendo bebidas mais adequadas à moda daquele período da história e que fazem todo sucesso até hoje. Daquela época surgiram marcas centenárias. Falaremos hoje de uma delas:
Tudo começou com dois irmãos, James e John Chivas, respectivamente nascidos em 1810 e 1814, numa remota fazenda em Strathythan, nos arredores de Aberdeenshire, dois de quatorze irmãos, filhos do casal Robert e Christian Chivas.
Em 1836, James Chivas começou a trabalhar para Willian Edward, numa mercearia de produtos exóticos e de luxo, como café, rum caribenho, destilados franceses e também whisky, na cidade escocesa de Aberdeen.
Willian Edward havia comprado em 1828, a referida loja em Aberdeen, da família de John Forrest, que morrera há pouco tempo e havia fundado a loja em 1801, mais precisamente, na rua Aberdeen’s King Sreet, número 13. Esse número é interessante!
O início da loja é considerado o ano de fundação da marca Chivas! Sim, eu também acho estranho.
Importante salientar que no ano de 1830, o Irlandês, Aeneas Coffey, já havia inventado, na Escócia, o destilador tipo “Coffey”. Surgia o whisky de grãos, produzido de forma mais rápida e econômica, altamente concentrado, feito numa operação contínua.
Essa mercearia comprava whiskies de várias destilarias, tanto de malte quanto de grãos e misturavam (realizavam a arte do “blending”).
No ano de 1838, James torna-se sócio de Willian Edward, até a morte desse em 1841.
James continuou o negócio com Charles Stewart.
Fizeram um bom nome no mercado e em 1843, devido à proximidade da loja com o Castelo de Balmoral, residência rural da realeza britânica, foram nomeados fornecedores de itens de luxo, inclusive whisky. Era a primeira visita da rainha Victória à Escócia.
Abaixo, a autorização ou mandato real:
A sorte de fornecer à realeza era que os nobres, os ricos, todos queriam imitar a realeza no que compravam ou consumiam. Era uma ótima jogada de marketing e com isso ficavam cada vez mais conhecidos, obtendo autorizações reais repetidas vezes e conseqüentemente, mais prestígio.
Na década de 1850, batizaram seu primeiro blended malt whisky, “Royal Glen Dee”, 1854, mais precisamente. Mas logo em seguida, em 1857, Charles Stewart falece.
É hora de, finalmente, James chamar seu irmão, John, para ingressar na sociedade e nasce assim a “Chivas Brother”!
Em 1863, um ano após a morte de John, a empresa lança o “Royal Strathythan”, um whisky Blended Scotch, mistura criada com perfeição de whiskies de malte e grãos de 10 anos de envelhecimento. A família Chivas ainda administrava a empresa.
Mas após a morte de Alexander, filho de James Chivas, em 1893, o Conselho de Administração tocou o negócio por breve período.
Em 1895 a empresa foi vendida para dois funcionários, com a condição que se mantivesse, para sempre, o nome “Chivas Brothers”.
A empresa cresceu e desbravou o mundo!
A marca “Chivas”, hoje, é a terceira marca de whisky mais vendida do mundo, perdendo apenas para a “Ballantines”, que curiosamente pertence ao mesmo grupo comercial e para a toda poderosa Diageo, dona da icônica marca “Johnnie Walker”, entre outras.
Digno de nota, a Chivas é quem produz o consagrado “Royal Salute” (Já comentado por nós aqui), uma sub-marca lançada em 2 de junho de 1953, em homenagem à rainha Elizabeth II no dia de sua coroação. Nomeado após a tradicional homenagem de saudação de 21 tiros de canhões, o whisky Royal Salute é envelhecido por no mínimo 21 anos (mas hoje possui também outras versões).
A sede de “Chivas”, ou seu lar espiritual, é a destilaria Strathisla (que outrora chamava-se destilaria “Miltown”), desde 1950. Esse malte é o coração das misturas de Chivas! Considerada a terceira destilaria mais antiga de toda a Escócia.
Mas o portfólio do grupo comercial conta com uma gama imensa de destilarias de malte, tais como Glenlivet, Aberlour, Longmorn, Scapa, entre outras; várias marcas de Blended whisky; e uma importante destilaria de whiskies de grãos, a “Strathclyde”, em Glasgow.
Por muito tempo pertenceu ao grupo canadense “Seagrams” (1949 – 2001). Com a falência do grupo, foi comprada pela francesa “Pernord Ricard”, que continua expandindo a marca, lançando novos whiskies no mercado.
A Pernord Ricard, inclusive, possui sua própria destilaria de whiskies de grãos para fornecer matéria prima para os whiskies da Chivas e da Ballantine’s, a grandiosa: Strathclyde!
Dois irmãos começaram um sonho no qual fazemos parte até hoje. Impossível qualquer apreciador de whisky no planeta Terra nunca ter degustado um Chivas! É aquele whisky que seu avô já bebia. Seu pai. Agora você! Seja um bom degustador e ensine o caminho do Chivas a seus filhos também!
E vivemos um momento especial! A marca além de um passado rico de história, abre seus horizontes em busca de um futuro promissor. Novos rótulos estão chegando. Para a nossa alegria!!
Também comentamos sobre o Chivas Extra, sem idade, aqui.
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[…] A história da marca “Chivas”!!! […]
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